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Corte Bordalês – Conheça as novas uvas

Corte Bordalês

Seis novas variedades de uvas foram escolhidas para ajudar os produtores de vinho de Bordeaux a se adaptarem às mudanças climáticas e foram aprovadas pelo INAO – Órgão Nacional de Denominação francês. O conselho de vinhos de Bordeaux, o CIVB, anunciou a notícia em janeiro de 2021 e disse que as primeiras plantações eram esperadas este ano. São quatro novas castas tintas – Touriga Nacional, Marselan, Castets, Arinarnoa – e duas castas brancas, Alvarinho e Liliorila. Uma sétima variedade proposta, Petit Manseng, não entrou na lista final.

Os produtores de Bordeaux AOC e Bordeaux Supérieur se inscreveram para usar as variedades em 2019, por seu potencial para mitigar o impacto das mudanças climáticas sem diluir a identidade dos vinhos de Bordeaux. As características potencialmente úteis entre as uvas listadas abaixo incluem acidez naturalmente alta, estrutura ou aromáticos fortes, bem como boa resistência contra doenças específicas da videira, do míldio à podridão cinzenta.

As variedades abaixo só podem representar, coletivamente, 5% da área de vinhedos de um produtor e 10% do lote final, disse o CIVB.

Novas Uvas Vermelhas em Bordeaux

Marselan

Essa casta é um cruzamento entre a Cabernet Sauvignon e a Grenache Noir. Sua escolha foi motivada porque a Marselan “segue um padrão clássico de data de colheita para o vinhedo de Bordeaux” e é muito boa em resistir à podridão cinzenta e ao mofo, de acordo com os produtores de Bordeaux AOC e Bordeaux Supérieur. As suas pequenas bagas podem dar origem a vinhos encorpados e de cor rica, com taninos macios. Um fato interessante é que a Marselan aparece no novo vinho chinês do proprietário da Lafite Rothschild e também pode ser usada em vinhos Côtes du Rhône, em até 10% do lote final.

Touriga Nacional

Uma casta de amadurecimento tardio e que precisa de pouca apresentação para os fãs de vinhos do Porto ou da crescente reputação de Portugal por vinhos tintos de qualidade. Sua escolha foi motivada por suas características, pois apresenta muitas frutas pretas, taninos altos e produz vinhos geralmente encorpados e estruturados que podem ganhar complexidade com a idade. Também tem boa resistência natural a doenças na vinha, de acordo com os produtores de Bordeaux AOC e Bordeaux Supérieur. Um fato interessante é que John Downes MW brincou em um artigo para a Decanter em 2001 que um dia poderíamos ver a ‘Touriga d’Oc’, se alguém na região quente francesa do Languedoc descobrisse o potencial da uva para vinhos tintos. Acontece que ele não estava completamente errado…

Castets

Castets é uma variedade quase esquecida, que se acredita ser autóctone do Gironde ou dos Pirineus. Apenas 2,9 hectares foram deixados na França em 2016, de acordo com a Fundação Agropolis – uma aliança das principais agências de pesquisa francesas. A Castets tem boa resistência ao míldio e pode produzir vinhos de cor intensa adequados ao envelhecimento, de acordo com os produtores de Bordeaux Supérieur. No entanto, também é conhecido por vinhos com alto teor alcoólico e acidez relativamente baixa, de acordo com o ‘projeto Pl@ntGrape’ da Fundação Agropolis.

Arinarnoa

Este é um cruzamento entre as castas Tannat e Cabernet Sauvignon, desenvolvido em 1956 pela agência nacional de pesquisa da França INRA . Esta casta pode ser muito útil pois os botões tendem a abrir tarde, o que a protege contra as geadas da primavera, de acordo com a Fundação Agropolis. Além disso esta casta tem boa resistência à podridão cinzenta e, como seria de esperar de sua linhagem, pode fazer vinhos estruturados e tânicos que também mantêm a acidez natural, dizem os produtores de Bordeaux Supérieur.

Novas Uvas Brancas em Bordeaux

Alvarinho ou Albariño

Uma casta muito conhecida que é conhecida como Alvarinho pelos produtores de Vinho Verde de Portugal e Albariño na Galícia, Espanha. Esta casta é capaz de produzir vinhos brancos secos com acidez relativamente alta e não é muito suscetível à podridão cinzenta. As fortes qualidades aromáticas “permitem compensar a perda de aromas que o aquecimento global geralmente causa”.

Liliorila

Esta casta é o resultado do cruzamento cruzamento entre as castas Barroco e Chardonnay, desenvolvido em 1956 pelo INRA como a Arinarnoa. Suas principais características é que suas bagas são pequenas e são conhecidas por produzir vinhos poderosos e aromáticos, embora com acidez relativamente baixa, segundo os pesquisadores. Como a Alvarinho, a união do Bordeaux Supérieur disse que as qualidades aromáticas de Liliorila podem ajudar as vinhas a manter o caráter em temperaturas mais quentes.

Este artigo foi publicado originalmente pela Decanter em janeiro de 2021 após a aprovação das seis novas variedades. Crédito total para o projeto da Fundação Agropolis: ‘Pl@ntGrape, le catalog des vignes cultivées en France, © UMT Géno-Vigne®, INRA – IFV – Montpellier SupAgro 2009-2011’.

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